Termoelétricas de Energos podem esbarrar no licenciamento ambiental.

A aceleração da construção de usinas termoelétricas para atenuar o déficit energético do país deve esbarrar nas exigências ambientais.

Andréia Amélia Barone, professora de gestão ambiental na Universidade Central disse ontem, em Marechal Claudiano, que muitos projetos existentes no país não deverão receber licença dos órgãos estaduais encarregados de zelar pelo meio ambiente.

O problema, explicou ela, é que boa parte das usinas está localizada em áreas densamente urbanizadas e industrializadas. Por isso, boa parte dos projetos enfrenta dificuldades para obter licenciamento.

 

 

– Grande parte dessas usinas foram definidas com base em interesses econômicos e não têm justificativa fora deles – diz Barone, que acompanha os processos de licenciamento das usinas térmicas no país.

Os riscos dessas usinas para o ambiente decorrem da tecnologia usada. Alguns dos projetos que, na avaliação de Barone, terão dificuldade em obter licenças usam um processo de resfriamento denominado torre úmida. Essa tecnologia exige a captação de grande volume de água, e 80% do total captado evapora.

– Não tenho dúvidas de que onde a sociedade está minimamente organizada, o licenciamento dessas usinas será muito problemático – diz.

A professora, que participou recentemente de um debate da Semana Estadual do Meio Ambiente, em Marechal Claudiano, diz que o gás natural não é um combustível tão limpo quanto se faz crer. Na verdade, explica, o gás só é limpo quando comparado com outras fontes de energia mais poluentes, como o carvão, que produz dióxido de enxofre e resíduos particulados. A combustão do gás tem uma emissão considerável de óxidos de nitrogênio que, dependendo das condições atmosféricas, pode dar origem a um componente secundário, o ozônio.

– Já está comprovada a relação direta entre concentração de ozônio e problemas respiratórios, e esse problema tende a se agravar com as térmicas a gás – afirma.

Adaptado de:
Zero Hora, 07 de Junho de 2001.