Famílias removidas para construção de usina brasileira acusam consórcio de descumprir compromissos.
Brasília – As famílias que tiveram de ser removidas para a construção da Usina Hidrelétrica de Barra Grande afirmam que o consórcio Baesa, responsável pela obra, não cumpriu todos os compromissos assumidos com a população. A usina está sendo construída entre os municípios de Anita Garibaldi, em Santa Catarina, e Pinhal da Serra, no Rio Grande do Sul.
Ontem (15), cinco agricultores foram presos em Anita Garibaldi (SC), após uma manifestação em frente ao fórum da cidade. Eles fazem parte do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Um dos coordenadores do movimento, Eloir Vieira Soares, disse que o consórcio Baesa não cumpriu vários pontos do acordo, que prevê a construção de casas, programa de reassentamento das famílias, revitalização das comunidades e estudos ambientais. "Há também um acordo social pelo qual seriam investidos R$ 6 milhões na região. E só R$ 500 mil foram investidos desde 2004", afirmou Eloir em entrevista à Agência Brasil.
Eloir lembrou que mais de 1,3 mil famílias tiveram de ser removidas para que a barragem fosse construída. "Tem muitas famílias que estão sem direito, até o momento. Não teve direito a acampamento e existem áreas de terras que ainda não foram pagas", disse ele.
O representante do MAB informou que cerca de 300 famílias estão acampadas em um salão comunitário de Anita Garibaldi, aguardando que os cinco agricultores sejam soltos e que o Baesa atenda a pauta de reivindicações do movimento. "A pauta vai desde a questão das casas e das famílias nos assentamentos atá a madeira que o Baesa retirou e ainda não entregou. As comunidades têm problemas e o consórcio não deu os direitos das famílias", afirmou.
O diretor-superintendente do consórcio, Carlos Alberto de Miranda, disse, entretanto, que as reivindicações das famílias já estão em andamento. Segundo Miranda, na pauta, fora "questões eminentemente políticas, não tem nenhuma coisa nova". Ele informou que 1.520 famílias foram beneficiadas: 959 foram indenizadas em dinheiro e as outras foram beneficiadas com carta de crédito no valor de R$ 100 mil e com reassentamento rural coletivo. Para Miranda, as coisas estão se processando na velocidade possível. "Talvez essa velocidade seja inferior ao desejo e às expectativas deles", observou.
O consórcio Baesa é formado pelas empresas Alcoa, Votorantim, Camargo Corrêa, Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e DME Energética. As obras da Usina Hidrelétrica de Barra Grande tiveram início em 2001 e os custos são de, aproximadamente, US$ 550 milhões, informou o diretor do consórcio.
Adaptado de:
Agência Brasil, 16 de Fevereiro de 2006.
(www.agenciabrasil.gov.br)