Recife, Brasil, Fevereiro de 2003 - Bons ventos podem começar a soprar para a economia brasileira, com a perspectiva de investimentos da ordem de US$ 1 bilhão na geração de 1.100 megawats (MW) a partir da instalação de centrais de energia eólica no Brasil. O volume representa cerca de 10% dos 6.122 MW previstos em projetos já aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), baseados no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), criado em dezembro de 2002. Do total de projetos, 80% estão previstos para
o Nordeste, região que concentra as jazidas de ventos no País.
O Ceará encabeça a lista de projetos aprovados, com 31,
que representam 34,84% dos 6.122 MW propostos, seguido pelo Rio Grande
do Norte com 22 projetos aprovados, equivalentes a 32,12%. "Temos
não só disponibilidade de jazidas, como uma complementaridade
fantástica com o regime hidráulico da energia produzida
pelo Rio São Francisco", diz o vice-presidente da World
Wind Energy Association (Associação Mundial de Energia
Eólica) e diretor do Centro Brasileiro de Energia Eólica,
Everaldo Feitosa. |
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A implantação das centrais eólicas será estimulada com o Guia de Projeto Elétrico de Centrais Eólicas no Brasil. Publicado pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica com apoio da Associação Mundial de Energia Eólica, o guia traz os principais métodos para realizar projetos elétricos de conexão das centrais à rede elétrica. "O guia é baseado nos procedimentos internacionais e procura contribuir para abolir o mito, existente no Brasil, de que a energia eólica é altamente variável", explica Feitosa. Ele informa que, segundo o Proinfa, o Ministério das Minas e Energia tem até março para definir o preço da energia das novas centrais que será comprada pelas geradoras da Eletrobras com recursos da Contribuição de Desenvolvimento Energético (CDE), paga pelas energéticas. O Proinfa estabelece que a assinatura dos contratos de compra da energia ocorra até abril de 2004 e determina que 10% da energia passe a ser gerada no Brasil por ventos, biomassa e pequenas centrais hidráulicas. Embora o Brasil viva um momento de sobra de energia, Feitosa defende que a hora é propícia para a definição dos projetos, já que eles levariam pelo menos dois anos para ser implementados. "É uma fase de transição dos combustíveis fósseis para os renováveis, que estão sendo adotados por todos os países que pensam na geração de energia a longo prazo." |
Adaptado de:
Etiene Ramos
Gazeta Mercantil, 26 de Fevereiro de 2003.