Usina alternativa é opção no campo.

Geração de energia renovável garante renda com inserção do produtor no mercado de crédito de carbono

Dejetos suínos podem ser transformados em combustível.

A instalação de usinas de energia renovável à base de casca de arroz, resíduos florestais e dejetos suínos são alternativas cada vez mais viáveis para inserção do produtor no mercado de créditos de carbono. Segundo a presidente da Comissão de Produtoras Rurais da Federação dos Agricultores, Zélia da Silva, propriedades rurais e cooperativas podem diversificar sua renda com a comercialização de cotas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, conforme estabelece o Protocolo de Kyoto. Títulos emitidos por projetos que comprovem sustentabilidade no Mercado de Redução de Emissões, criado pelo Ministério do Desenvolvimento, são potenciais fontes de negócios com países industrializados.

Conforme Paolo Hernandez, gerente de Projetos da Ecoseguros, empresa especializada em crédito de carbonos, uma usina com capacidade instalada para gerar 80 mil megawatts-hora pode render até 200 mil dólares/ano. 'O incremento na produção de energia a partir da casca do arroz, combustível renovável em potencial, pode levar a redução na emissão de gases poluentes.'

 

Para a coordenadora-geral do Núcleo Amigos da Terra, Letícia Vasquez, resíduos de madeira e casca de arroz ofertariam até 5% da demanda da capacidade energética do estado, de 4 mil megawatts. 'O que nos preocupa é o impacto ambiental com o uso dos créditos para produção de grandes monoculturas, como o eucalipto. Não seria um projeto para substituir a matriz energética para fontes renováveis de forma descentralizada.'

Hernandez diz que biodigestores de dejetos suínos são fontes de maior potencial energético. 'Meia tonelada emitida por 10 mil porcos de terminação poderia render 25 mil dólares/ano.' O fato de o reflorestamento ser considerado seqüestro de carbono, sem determinar regras relativas a períodos de carência, preocupa à Federação dos Agricultores, que promoverá seminário sobre o tema.

Adaptado de:
Correio do Povo, 14 de Agosto de 2005.