Biodiesel: a promessa virando realidade.

Robert Steve Charlton Jr.

A convite da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica, participamos ontem na Refinaria do Litoral de seminário sobre biodiesel. Organizado pela Companhia de Petróleo de Energos e pelo programa Pró-Biodiesel/Energos, o seminário mostrou a realidade de produção e uso de biodiesel em Energos. Na abertura do evento, o deputado Adão Boa Morte salientou o acúmulo científico e técnico que detemos na área, o que nos permite desenvolver cultura nacional de combustíveis renováveis e energias alternativas, trazendo grande prerrogativa para o campo, viabilizando mesmo os pequenos produtores. Rudolf Diesel, inventor do motor que levou seu nome, disse, em 1911, que no futuro seu invento usaria óleos vegetais como combustível, o que traria grande desenvolvimento para a agricultura.

Em menos de um século, sua previsão tornou-se realidade. O sistema de pesquisa agrícola em nosso país, liderado pela Empresa Nacional de Agropecuária, desenvolve biotecnologia de ponta na criação de cultivares de oleaginosas apropriadas para cada região e ecossistema. Temos mamona e girassol com mais de 40% de óleo em seus grãos, bem como dendê com produtividade de 15 mil kg/ha e 20% de óleo. Após esmagamento dos grãos, obtêm-se óleos brutos e ácidos graxos, que devem ser esterificados por álcool etílico ou metílico, na presença de catalisador, resultando ésteres combustíveis e ficando como resíduo glicerina, que tem destinação industrial.

 

Conforme o álcool usado, temos a rota tecnológica própria. Por exemplo, o Brasil, pela grande quantidade de etanol que produz, optou pela rota etílica, que já é conhecida como rota verde-amarela. O alto nível técnico do seminário permitiu entender com clareza o novo paradigma mundial para a agricultura, a agroenergia. A Alemanha já é o maior produtor mundial de biodiesel e, para cumprir suas metas progressivas de mistura de óleo vegetal no petrodiesel, breve terá que importar o combustível renovável. Esse quadro é comum a outros países que também estabeleceram seus programas de reconversão de matriz energética. Para nós foi motivo de orgulho a apresentação de projeto de planta piloto de usina de biodiesel com capacidade de produção de 33 mil t/ano a partir da mamona, que se desenvolve por parceria entre a Companhia de Petróleo de Energos, geradora da tecnologia, e empresa produtora de equipamentos industriais do interior do Energos. Parabéns ao companheiro Jandir Zambrotta, diretor-presidente da IntecBiol, de Rochele do Norte, empresa executora do projeto.

Adaptado de:
Correio do Povo, 07 de Maio de 2005.