Usina termoelétrica no Brasil coloca em risco área de preservação ambiental.
Sorocaba, São Paulo, Brasil - O Ministério Público Federal considerou a instalação de uma termoelétrica no município de Araçoiaba da Serra, na região de Sorocaba, uma ameaça à preservação da Floresta Nacional de Ipanema (Flona), unidade de conservação de 5 mil hectares que mantém um dos últimos maciços de mata atlântica no interior paulista. O parecer, entregue ao presidente do Ibama, Marcus Luis Barros, recomenda que o processo de licenciamento, que tramita na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, seja transferido para o órgão da União. Segundo os procuradores Vinícius Marajó Dal Secchi e Elaine Cristina de Sá Proença, a usina pode emitir substâncias tóxicas pela queima de gás natural. O pedido de licença foi protocolado na secretaria pela empresa ARS Energia e aprovado pela prefeitura de Araçoiaba.
O local escolhido fica próximo de condomínios de chácaras de recreio e a menos de quatro quilômetros da Flona. Moradores mobilizaram-se contra o empreendimento.
Segundo os procuradores, os óxidos de nitrogênio e enxofre liberados pela queima de gás provocarão a formação de ozônio, prejudicando a qualidade do ar. Com os ventos, esses elementos poderão agravar as condições do ar de Sorocaba, cidade vizinha, que em algumas épocas do ano tornam-se críticas. A flora e a fauna da Flona também podem ser afetadas. A administradora da Floresta, Ofélia Gil Wilmerdorsff, disse que a usina estará localizada em área de entorno da unidade de conservação, o que torna obrigatório o licenciamento pelo Ibama qualquer que seja a fonte primária de energia. Além da área de matas, com espécies ameaçadas de extinção, a Flona abriga bens arquitetônicos, naturais e arqueológicos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como as ruínas da primeira fundição de ferro das Américas.
Adaptado de:
José Maria Tomazela,
Correio do Povo, 02 de Março de 2003.