Situação ambiental do planeta melhorou, diz relatório.

Análise de ONG americana revela que produção de gases que destroem a camada de ozônio diminuiu 81%

WASHINGTON. Num tom atipicamente otimista, o relatório anual da ONG americana Instituto Worldwatch, lançado ontem, constata que a situação ambiental do planeta melhorou muito ao longo dos anos 90. A redução da produção de gases responsáveis pela destruição da camada de ozônio, os recentes avanços no combate a doenças contagiosas e o aumento do uso de energia renovável estão entre as boas notícias listadas no "Estado do Mundo 2003".


Na avaliação do presidente do Worldwatch, Christopher Flavin, uma revolução ambiental está em curso, resultado da ação conjunta de governantes e da sociedade civil organizada, e, em breve, poderá direcionar as economias do mundo para um caminho mais sustentável de desenvolvimento.

— A criação de um mundo no qual possamos atender a nossas próprias necessidades sem negar às gerações futuras uma sociedade sadia não é impossível, como afirmam alguns — disse Flavin.

 

 

De acordo com o relatório, a produção de clorofluorcarbonetos (CFCs) foi reduzida em 81% ao longo dos anos 90, o que resultou num declínio significativo da destruição da camada de ozônio. Estima-se que, em breve, o buraco na camada de ozônio começará a diminuir.

Uso de energia renovável aumentou 30% ao ano.

O relatório mostrou também que o uso de energia solar e eólica cresceu mais de 30% ao ano em países como Alemanha, Japão e Espanha, graças a políticas de incentivo a seu uso. Em contrapartida, o uso de combustíveis fósseis aumentou apenas de 1% a 2% anualmente.

No campo da erradicação de doenças infecciosas, o relatório cita como bom exemplo a significativa redução da poliomielite: o número de casos caiu de 350 mil em 1988 para 480 em 2001.

Mas o relatório também traz más notícias. A malária continua no posto de uma das maiores assassinas do mundo, matando sete mil pessoas diariamente. Mais de cinco mil crianças morrem por dia de doenças ligadas a poluição do ar, da água e dos alimentos.

O documento mostra que a natureza continua bastante ameaçada. A taxa global de degelo mais que duplicou desde 1988 e, a continuar nesse ritmo, poderá elevar o nível dos mares em 27 centímetros até 2100. As extinções de aves são 50 vezes mais numerosas do que o natural devido à perda de habitats.

— Testemunhamos freqüentemente na história da Humanidade a capacidade de as sociedades aprenderem rapidamente com a experiência e então agirem — afirmou o diretor de projeto do relatório, Gary Gardner. — O interesse crescente na sustentabilidade poderá proporcionar a energia necessária para impulsionar inovações em escala global.

Adaptado de:
O Globo, 11 de Janeiro de 2003.