Os impasses na defesa e aplicação do Protocolo de Kyoto.
O esforço para reduzir as emissões dos gases que provocam o efeito estufa tem um nome, chama-se Protocolo de Kyoto. Em resumo, essa convenção internacional, celebrada em 1997, no Japão, estabeleceu metas e prazos para os países reduzirem suas emissões futuras de dióxido de carbono (CO2) e outros gases responsáveis pelo aquecimento da Terra. Criou, em seu artigo 12, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), com a finalidade de diminuir os gases de efeito estufa, com mecanismos como sumidouros de carbono, tecnologias limpas, eficiência energética e fontes alternativas de energia.
No início deste mês, ocorreu em Milão, na Itália, mais uma conferência da ONU sobre mudanças climáticas, com a questão de que há provas inquestionáveis de que o homem é responsável pelo aquecimento global. Porém, depois de várias discussões entre mais de 180 países, não foi superado um impasse importante. Além dos EUA, um dos principais emissores de gases de efeito estufa - que se recusa a ratificar o protocolo -, a Rússia adiou sua decisão sobre se irá aderir ou não ao pacto, juntamente com outros países europeus. O compromisso de que o plano deveria entrar em prática entre 2008 e 2012, firmado desde o início das discussões, não tem como entrar em vigor.
As conseqüências: pesquisa de cientistas italianos e canadenses informa que a seca no Sahel (Mauritânia, Mali, Burkina Fasso, Níger e Sudão) e na Etiópia, na África, em 1975/85, que deixou 1 milhão de mortos, foi causada pela poluição gerada pela matriz energética da Europa, que perturbou os padrões climáticos do Norte africano. O derretimento de geleiras na Antártica Ocidental, que já é uma ameaça, segundo estudo alemão, pode elevar o nível do mar em 9 metros e inundar cidades como Londres, Nova Iorque e Tóquio. As mudanças no clima são incontestáveis, inclusive as ocorridas aqui, na América do Sul.
Os principais causadores do efeito estufa, os países desenvolvidos, não querem minimizar o problema, apesar de informações de que teriam um 'plano B'. Persiste também a aposta de que novas tecnologias bastariam para reduzir as emissões em mais de 50% até 2050. Porém, esse conjunto de conhecimentos ainda não é conhecido, assim como esse plano, e persiste o impasse. Será o fim do Protocolo de Kyoto, do esforço global de melhorar a qualidade de vida do planeta?
Adaptado de:
Editorial, Correio do Povo, 22 de Dezembro de 2003.