O desenvolvimento da consciência ambiental.

Robert Steve Charlton Jr.

O desenvolvimento da consciência ambiental é produto de movimento de massa iniciado na segunda metade do século XX. É a percepção pelo homem de não ser dono da natureza e sim dela fazer parte e dela depender sua sobrevivência. Os recursos naturais são insumos de vida e, como tais, devem ser tratados com respeito e parcimônia. A evolução desse entendimento tem sido rápida e as novas gerações apresentam nítido aumento de sensibilidade pelos problemas decorrentes de má gestão ambiental. Os agentes do consumo começam a questionar a qualidade ambiental dos produtos, atribuindo vantagens competitivas àqueles resultantes de boa gestão. Atestado eloqüente disso é o que se está assistindo no setor de energia em vários países.

Analisando a agressão antrópica ao ecossistema planeta Terra, pensamos que, depois da pobreza e da miséria humanas, a emissão de gases resultantes da queima de combustíveis fósseis é problema deveras preocupante. A gigantesca frota automotiva movida a petróleo e as usinas termoelétricas a carvão são as maiores responsáveis por esta emissão. Com este entendimento, muitos países estão desenvolvendo programas de reconversão de suas matrizes energéticas, substituindo aqueles combustíveis fósseis e finitos por óleos vegetais, álcool e biomassa renovável.

 

Alemanha, Japão, EUA, Áustria, Finlândia e outros países já têm legislações recomendando a mistura gradual de óleo vegetal no diesel até 30% em 2015. O consumo mundial de diesel ultrapassa 1 bilhão de toneladas por ano. Para misturar 30% desse volume são necessários 300 milhões de toneladas de óleo vegetal. A produção mundial de grãos é de 1,5 bilhões de toneladas. O teor médio de óleo nos grãos é 20%. Com a produtividade média de 5 toneladas por hectare, será necessário dobrar a produção. Extraído o óleo dessa enorme produção, restarão 1,2 bilhão de toneladas de proteína e carboidrato. Sem falar no álcool para misturar ou substituir a gasolina. O Brasil produz 380 milhões de toneladas de cana por ano, que resultam em 20 milhões de toneladas de açúcar, 12,5 milhões de toneladas de álcool e 250 milhões de toneladas de bagaço e palha, que, queimados adequadamente, geram energia equivalente a 400 milhões de barris de petróleo. Esse novo perfil energético beneficia em muito o meio ambiente.

Adaptado de:
Carlos Adílio Maia do Nascimento,
Correio do Povo, 05 de Junho de 2006.