Sul do Brasil utiliza arroz em usinas de biomassa.

Porto Alegre, Brasil - A empresa alemã CCC Machinery vai investir, por meio da Hamburgo Energia, 112,6 milhões de dólares na construção de quatro termelétricas de biomassa no Rio Grande do Sul. Três usinas que irão utilizar a casca de arroz terão potência de 12,3 megawatts (MW) cada e a quarta, que usará cavacos de madeira, terá 24,6 MW, num total de 61,5 MW. As geradoras a partir da casca de arroz ficarão em São Borja, São Sepé e Dom Pedrito. A unidade de cavacos de madeira será instalada em Rio Grande, onde a matéria-prima é bastante abundante na região. A energia gerada será adquirida pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e pela AES Sul.

Este é o segundo anúncio de projetos com biomassa feito pelo governo do Estado no período de uma semana. No dia 10, a Geradora de Energia Elétrica de Alegrete (GEEA) havia anunciado investimento de R$ 25 milhões para produzir energia a partir da casca de arroz em uma unidade de 4 MW, na fase inicial. As obras da primeira usina, em São Borja, devem começar em junho. 'A previsão é de que a usina fique pronta depois de 14 meses', disse o diretor da Hamburgo Energia, Alan de Oliveira Barbosa. As outras unidades ainda não têm o cronograma fechado, mas os projetos devem ser realizados na seqüência. Somente na fase de construção, essas usinas irão gerar mais de mil empregos diretos. Quando estiverem em funcionamento, vão gerar de 150 a 200 postos de trabalho.

As três usinas movidas à casca de arroz irão absorver 10 mil toneladas por mês do produto, um resíduo do beneficiamento do grão. Conforme levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), a área plantada com arroz irrigado no RS é de 1,031 milhão de hectares. Neste ano, deverão ser colhidas mais de 6 milhões de toneladas, correspondendo a 55% da safra nacional e 44,5% da produção estimada para o Mercosul. Cada mil quilos de arroz colhidos geram 220 quilos de casca, ou seja, reaproveitamento de 22%.

As fontes alternativas respondem hoje por 3% da matriz energética do estado. Esse índice deve triplicar nos próximos dois anos, chegando a 10% até 2008. Nesse período, entrarão em operação vários projetos baseados em energia limpa, como a eólica, a biomassa, as termelétricas que utilizam carvão vegetal, biodiesel e álcool.

Adaptado de:
Correio do Povo, 18 de Abril de 2006.