Unidade de co-geração de energia elétrica exigiu R$ 22,5 milhões e propiciará aumento da produção.
Vargem Bonita, Santa Catarina - Entre os dez maiores fabricantes de papel do Brasil e perto de completar 64 anos, a empresa Celulose Irani inaugurou ontem unidade de co-geração de energia elétrica em sua fábrica de papel e celulose, no município de Vargem Bonita, região Oeste de Santa Catarina. O novo sistema, que utiliza caldeira de vapor de alta pressão, possibilitará que ela se torne quase auto-suficiente na produção de energia elétrica. Há previsão de aumento de 8% na produção de pasta químico-mecânica (utilizada em embalagens de alta resistência) e de 5% na de papel. A solenidade, que reuniu funcionários, colaboradores e autoridades, ocorreu no pátio da fábrica, situada na Vila Campina da Alegria. Para a implementação da proposta, a empresa investiu R$ 22,5 milhões, parte financiada pelo BNDES e repassada pelos bancos Santander Banespa, Safra e Banrisul.
A co-geração é um sistema de geração de calor e energia elétrica, a partir de uma única fonte de combustão. Com a queima de resíduos orgânicos (biomassa, proveniente da fabricação de celulose e das serrarias), há geração de vapor para a produção de celulose e papel e, ao mesmo tempo, a fábrica se abastece com energia elétrica. Além de mais eficiente em relação às unidades termoelétricas convencionais, ela reduz as implicações ambientais porque não há mais queima de material fóssil, como o petróleo e o carvão. Com capacidade de 90 toneladas/hora de vapor e 7,5 MWh de energia elétrica, a unidade poderia abastecer uma cidade de 60 mil habitantes.
O presidente do Grupo Habitasul, que comprou a Irani em 1994, Péricles de Freitas Druck, enfatizou que o novo sistema, chamado de energia limpa, possibilitará o ingresso da empresa no mercado internacional de comercialização de créditos de carbono. 'Reduzindo as emissões no ar, poderemos negociar com aqueles que precisam aumentar', destacou. A Irani é uma das primeiras a obter a certificação no Brasil e depende agora de registro do Ministério da Ciência e Tecnologia e da ONU, por meio do Clean Development Mechanism. A expectativa, disse Druck, é de que até o final do ano haja liberação para negociação na Bolsa. O projeto dará maior estabilidade de operação, segurança e diminuição na emissão de partículas no ar, disse o diretor superintendente Péricles Pereira Druck.
O novo sistema possibilitará ainda a diminuição da dependência de chuvas (a região Oeste foi uma das mais atingidas pela estiagem) e das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc). Apenas 5% de energia precisará ser comprada. Até o ano passado, esse número correspondia a 40%. O secretário catarinense de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Moacir Sopelsa, destacou a importância do investimento. Para o coordendor regional da Fundação do Meio Ambiente (responsável pelo licenciamento), Júlio do Prado, a opção pela co-geração mostra preocupação com o ambiente e produz pequeno impacto.
Adaptado de:
Carina Fernandes,
Correio do Povo, 14 de Abril de 2005.